Acordei
cedo e parti, um aperto no peito me incomodava um pouco, estava quase lá!
Santiago estava próximo e o fim do caminho também!
Um lindo
bosque de eucaliptos me alegrou, sentia-me pequena diante daqueles gigantes da
natureza, falavam comigo, tudo naquele momento falava comigo, o vento, os
pássaros, o craquelar das folhas secas no chão, minha respiração, as batidas do
meu coração que agora estava acelerado… Como a vida estava sendo generosa
comigo!
Um
turbilhão de sentimentos invadia meu ser, eu estava transformada! Eu finalmente
acordara da inércia em que vivia!
Comecei a
cantar uma musica do Gonzaguinha, Aprendiz, que me acompanhou durante quase
todo o caminho e para minha surpresa Heiko (alemão) cantava comigo o refrão:
“Viver,
e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar e
cantar e cantar
A beleza
de ser um eterno aprendiz
Ah meu
Deus, eu sei, eu sei…
Que a
vida podia ser bem melhor e será,
Mas isso
não impede que eu repita
É a vida,
é bonita e é bonita!
Essa foi
certamente a canção da minha peregrinação!
O fim
estava próximo para dar caminho a um novo começo! Fui o Caminho! Encontrei
respostas que iam muito além das minhas perguntas!
O Sol
estava bem quente e resolvemos ficar em Monte do Gozo, apenas a 5 km de
Santiago, assim chegaríamos ao domingo cedo, dando tempo para retirar a
Compostela e assistir à missa com o bota fumeiro.
O
albergue de Monte do Gozo era enorme e estava bem cheio! A felicidade das
pessoas era quase palpável!
Fui até o
monumento que marca a visita do papa João Paulo II em 1992 e encontrei uma
fitinha de Nossa Senhora Aparecida amarrada ali! Saudades de casa, já estava
longe há muitos dias, como estariam meus filhos, minha vida?
No final
da tarde fui a outro monumento, um pouco esquecido, não havia ninguém lá! Eram
duas estátuas enormes de peregrinos apontando para Santiago.
Meu
coração não cabia no peito ao avistar pela primeira vez as torres da Catedral
de Santiago, sentei no chão deliciando a paisagem, o Sol que já estava
despedindo-se, assim como eu!
Estava acompanhada de Heiko, que esteve ao meu lado durante boa parte do Caminho, eramos companheiros, cada qual a procura de suas respostas pessoais, cada um com sua língua, seus costumes, de países distantes e muito diferentes, mas ali fomos cumplices de algo maior. Eu sabia que podia confiar nele, nos entendiamos com o olhar. Ali, naquele por do Sol as palavras eram dispensáveis! Heiko colocou seu braço sobre meu ombro e ficamos aguardando o Sol se deitar!
Foi o por
do sol mais belo até o momento! Uma lágrima rolou! Sorri e voltamos!
O
albergue dormia! Eu, apesar do cansaço demorei a pegar no sono… era um misto de
emoções!
Muito bom como sempre. Bjks.
ResponderExcluirUm por do sol inesquecível... muito lindo mas também triste.
ResponderExcluirLindo porque o final do caminho foi quase alcancado. O catedral de Santiago apareceu no horizonte cuando o sol se deitar.
Triste porque o final do caminho significou também a despedida dos muitos povos magníficos e amigos.
beijos
Heiko