quinta-feira, 11 de agosto de 2011

19a. Etapa: Santa Catalina – Riego de Ambros (31,5km) Um dia especial...

Acordei ansiosa pelo que estava por vir… A Cruz de Ferro estava a minha espera e dentro de mim muita coisa para ser deixada lá!


Desde o início da caminhada meu coração explodia de alegria, eram subidas e mais subidas e as montanhas com um colorido mágico! Com algumas flores fiz uma coroa para minha cabeça e caminhava com uma sensação de euforia que tomava conta de mim! Minha mochila parecia tão leve neste dia! Estava tudo perfeito…

Em Rabanal Del Camino parei em um bar para comer algo e encontrei cachorros enormes das montanhas, más que nem de longe davam medo (naquele dia nada me dava medo). Depois de comer e tomar um chocolate quente segui em direção ao misterioso pueblo amaldiçoado!

Cheguei a Foncebadon, um povoado que já esteve abandonado e cheio de ruínas, mas que para mim exalou uma energia quase palpável, eu andava pelas ruas numa simbiose perfeita, prestando atenção a cada detalhe, como se eu fizesse parte daquela paisagem!

                                       
Continuei subindo hipnotizada pelas gigantescas montanhas cobertas de flores coloridas como se estivessem sendo agraciadas com um manto dos anjos, meus olhos sorriam e dois sentimentos invadiam meu ser… o de grandeza, por estar ali, por ser uma vencedora de meus medos e inseguranças, por estar buscando a felicidade… e o de um ser pequeno diante de tão exuberante beleza, sentia como se pudesse ser engolida por aquelas montanhas, percebia a imensidão da natureza, misturava – me naquele mar de cores e energia.

Subi até o ponto mais alto, 1504m onde está a Cruz de Ferro! Ao me deparar com aquele monumento sentí um arrepio. A emoção mais uma vez transportava os limites do corpo e as lágrimas saiam sem que eu pudesse controlar… Fiquei ali, parada diante daquele monte de pedras do mundo inteiro e me senti assim… do mundo, livre e sem fronteiras.

Deixei minha pedrinha trazida do Brasil! Era um peso muito grande ficando para traz! Sentimentos, emoções, tristezas, dúvudas, aos poucos tudo ia ficando claro para mim e os medos desapareciam. Fiquei lá por uns trinta minutos com meus amigos de caminhada e depois seguimos descendo 2,5km até Manjarim.




Estava me sentindo tão leve que desci correndo com Heiko, apostando corrida. Meu joelho não doía, minhas costas não doíam, meus pés não doíam, enfim, estava ótima! Ri, cantei, gritei, dancei, parecia uma louca, mas louca de felicidade!
Em Manjarim fui ao Albergue do Tomás! Queria muito conhecer esta figura que chega ser um mito no caminho, na verdade um pouco doido, ou muito doido, mas o que é ser normal? Dizem que ele se considera um Cavalheiro Templário e recebe todos os peregrinos tocando um sino, mas infelizmente Tomás estava fora e nem por isso deixei de receber o meu badalo! O sino foi tocado pelo hospitaleiro!


O albergue é bem simples, sem água quente ou banheiro, por estar bem alto faz muito frio por ali!
O hospitaleiro me disse que só precisavam de roupa e comida para ser feliz (que inveja). Fiquei um pouco por lá, tomei um chá com bolachas, acariciei um gatinho e depois segui feliz… muito feliz.

Decidimos ficas em Riego de Ambros!
Nossa que dia! Foncebadon, Cruz de Ferro e Manjarin… 3 lugares mágicos em um só dia! Agüenta coração!

Nenhum comentário:

Postar um comentário