Muitos sonham em escalar montanhas... Mas isso pode parecer coisa somente para escaladores ou montanhistas experientes!
O tempo vai passando e quando percebemos perdemos tempo demais planejando, sonhando, colocando outras prioridades na frente e nosso sonho de estar lá no alto daquela desejada montanha ficou para traz! Acreditamos que não dá mais tempo!!!!
Aí vem uma brasileira, com seus 67 anos e seu neto com 14 e mostra que idade não impede!
Ana Maria Aratangy Pluciennik, 67 anos, médica aposentada e residente em São Paulo mostra que é possível! Chegou, acompanhada do Rafael (seu neto de 14 anos) ao cume da montanha mais alta da Africa... O Kilimanjaro!
Veja só como foi esta experiência com uma entrevista exclusiva que Ana Maria cedeu para o Mochila de Batom.
MB - Quando e como começou esta sua vontade de subir montanhas?
Ana Maria: Sempre me atraíram os esportes de aventuras. Lia bastante sobre eles, mas não tinha muito tempo de praticar.
MB - Quais experiências você teve antes do Kilimanjaro?
Ana Maria: Além do acampamento base do Everest, subi o Pico da Bandeira e, muitas vezes, o Corcovado de Ubatuba.
MB - Como foi sua preparação física para subir o Kilimanjaro?
Ana Maria: Fazia exercícios de musculação e aeróbicos em academia, até 5 vezes por semana, acompanhada 1 vez por semana por um personal trainer. Faço isso há 4 anos.
MB - Seu neto Rafael já demonstrava desejo de subir montanhas?
Ana Maria: Meu neto se interessou desde criança pelas montanhas. Ficou muito feliz quando subiu pela primeira vez o Corcovado de Ubatuba.
MB - A iniciativa de subir o Kilimanjaro partiu do Rafael, ou o convite
partiu de você?
Ana Maria: O convite partiu de mim.
MB - Como sua família encarou sua vontade de subir o Kilimanjaro com o
Rafael?
Ana Maria: Todos incentivaram. O pai e a mãe dele hesitaram um pouco mas acabaram permitindo.
MB - Conte para nossos leitores como foi a experiência de subir o
Kilimanjaro com seu neto:
Ana Maria: No dia 28 de dezembro fomos para o Parque Nacional do Kilimanjaro e começamos a trilha caminhando por uma floresta de pinheiros. Seguimos pela rota Rongai, partindo de 1.900 metros de altitude e parando para acampar a 2.600 metros. Mesmo estando em uma altitude considerável, sentimos calor nesse dia, pois o Kilimanjaro fica praticamente na linha do Equador.
É importante confessar que, desde o início da trilha – ou melhor, desde que me comprometi com essa empreitada – comecei a me preocupar com as dificuldades que teria pela frente. Havia pouco que eu podia fazer com antecedência para minimizá-las. Meses antes da partida fiz uma pequena mudança nos treinos, com aumento dos exercícios aeróbicos. Minhas maiores preocupações, no entanto, não eram com meu desempenho (estava bastante confiante) nem com o frio e as consequências da altitude. Esses eu já conhecia e acreditava poder lidar com eles. Para uma mulher da minha idade a falta de um banheiro pode ser um grande desafio. Havia até uma barraca-banheiro no acampamento mas, durante a noite, seu uso era impraticável. Já sabia que seria difícil, e realmente foi. Além de tudo, havia a preocupação com meu neto. Os muito jovens tendem a suportar menos a altitude do que os mais velhos. Além disso, ele não tinha nenhuma vivência de temperaturas negativas. Muitas vezes me perguntei se eu não o estava expondo a um risco exagerado, se ele teria condições de identificar uma situação limite e saber quando parar. Felizmente ele não teve nenhum problema com a altitude nem com o frio e foi um ótimo companheiro, nunca se queixando de nada.Voltando à trilha, no dia 29, subimos mais 1.000 metros e acampamos a 3.600 metros de altitude. Nesse dia senti um pouco de dor de cabeça, assim como outros membros do grupo. Também perdi a fome, mas me forcei a comer, cortando os alimentos em pedaços pequenos, engolindo com dificuldade. A perda de apetite se manteve nos dias seguintes, às vezes com pequena melhora. Continuei me alimentando bem, embora pensasse: “Quando eu sair daqui, vou passar dois dias sem comer! E sem beber!”. Porque, como todos, eu também estava tomando muita água, provavelmente mais do que o dobro do meu consumo habitual.No dia 30 chegamos à base do Mawenzi, a 4.330 metros de altitude. Um lugar lindo, envolto numa neblina misteriosa e com um tapete de nuvens embaixo. Quando a neblina sumia, tínhamos uma vista espetacular do Kilimanjaro. O pessoal de apoio local (cerca de 40 pessoas entre guias, carregadores, cozinheiros e ajudantes), para nossa admiração, ficou horas jogando futebol. Não estavam nem aí para a diminuição da pressão de oxigênio no ar.No último dia do ano, subimos as encostas do Mawenzi para aclimatar e voltamos a dormir em sua base. Senti que isso me fez bem e, quando partimos, no dia 1º de janeiro, eu estava muito disposta, embora bastante preocupada com o que vinha pela frente. Deixando o Mawenzi, caminhamos por um trecho longo de planalto até a base da encosta do Kilimanjaro. Lá acampamos, almoçamos e fomos descansar, em preparação para o ataque ao cume.
Como já estava claro para todos que eu andava mais devagar que o resto do grupo, resolvemos que eu sairia uma hora antes dos outros, acompanhada por um guia e um carregador (Kennedy e Temez). Parti às 11 da noite e o restante do grupo, à meia noite. Até cogitei em adotar outra estratégia, dormindo (ou tentando dormir) a noite toda e saindo às 7 da manhã do dia seguinte, com luz e, teoricamente, temperatura mais alta. Mas prolongar a ansiedade por mais oito horas seria insuportável.
Seguindo o meu guia, comecei a trilha com bastante energia. Não pude deixar de comparar com minha primeira tentativa, há 12 anos. Naquela ocasião, os primeiros passos já foram sofridos. Caminhamos durante toda a noite, com pausas rápidas para descanso – não mais do que 3 a 4 minutos – e pequenos goles de água quente. Apenas duas vezes comi alguma coisa: um docinho de banana e um biscoito. O frio estava intenso, perto de 15oC negativos, e os dedos de minhas mãos ficaram bastante doloridos. Sempre que parávamos o Kennedy massageava os meus dedos e, se eu sentava no chão para descansar, ele chutava os meus pés para manter a circulação. Já quase ao nascer do sol e bem perto da borda da cratera, o grupo passou por mim. Fiquei aliviada ao ver o Rafa bem.
Esse trecho é o mais difícil da subida. A inclinação é acentuada, o solo de areia, pequenas pedras e gelo, é bastante escorregadio. Imediatamente antes da borda, pedras grandes formam degraus desafiadores para quem passou a noite toda caminhando com pouco oxigênio.Depois desse trecho difícil, foi um alívio atingir a borda da cratera, o Gillman’s Point (5.685 metros). Fiz uma pausa um pouco mais longa, de cerca de 10 minutos e admirei o interior do vulcão, imenso, com suas geleiras incrustadas no solo de areia e pedra. A partir daí, seriam mais duas horas e meia contornando a borda da cratera para chegar a Uhuru. Embora tendo ainda 200 metros de altitude para vencer, a trilha era bem mais suave que no trecho final da encosta. O que atrapalhou foi o vento, muito forte, que fazia a sensação térmica diminuir ainda mais.
Cerca de 40 minutos antes de atingir Uhuru, cruzei novamente com o grupo. Todos vinham felizes, voltando com o dever cumprido. O Rafa estava ótimo e acho que se emocionou um pouco ao me ver quase chegando lá. Eu também me emocionei. Ele me entregou rapidamente a bandeira do Brasil e seguimos, cada um para seu lado. Esses últimos minutos não foram difíceis. Eu já tinha certeza que chegaria ao cume da montanha. Mesmo assim, o alívio e a alegria foram enormes às 9h27 da manhã do dia 02 de janeiro de 2015 quando, finalmente, atingi o ponto mais alto da África.
(O relato da experiência de Ana Maria foi retirado do site Extremos)
(O relato da experiência de Ana Maria foi retirado do site Extremos)
MB - Houve algum momento muito difícil para você? Qual a maior
dificuldade encontrada? Em algum momento pensou em desistir?
Ana Maria: Além da falta de oxigênio e do frio, a maior dificuldade foi a falta de um banheiro. Não pensei em desistir.
MB - Qual foi o momento de maior emoção nesta experiência?
Ana Maria: A grande emoção foi quando percebi que atingiria o cume.
MB - Você já está pensando na próxima aventura? Conte quais seus planos.
Ana Maria: Sim, penso em fazer um trekking no Peru na cordilheira Huayhuash.
MB - Se fosse para aconselhar alguém que tem o sonho de subir altas
montanhas o que diria?
Ana Maria: Além de providenciar equipamento adequado (roupas, botas etc), beber bastante água e alimentar-se bem.
Quero agradecer a Ana Maria por ceder esta entrevista e também ao Daniel (seu filho que passou o contato dela) e ao amigo Raul Souza que ajudou muito para que esta entrevista pudesse ser realizada!
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muito show, faz anos que penso em ir ao Kilimanjaro, mas eu sofro muito de falta de ar e é isso que me deixa na dúvida. Parabéns.
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