sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Travessia da Ponta da Joatinga (2o. dia) (1a.etapa)

Cairuçu das Pedras - Ponta Negra


Acordamos cedo e a chuva tinha dado uma trégua. Guma preparou um café e comemos algumas bolachas, desmontamos o acampamento e nos preparamos para o que seria a trilha mais difícil da travessia.

Café delícia feito por Guma!


Quando começamos a caminhar a chuva começava a cair fina.

Era uma subida interminável, a chuva insistia em nos acompanhar, a vegetação era de uma exuberância típica de Mata Atlântica bem preservada, com árvores muito grandes, rios, pedras, raízes aparentes comprovando a pouca quantidade de terra sobre a rocha, a vida encontrava uma maneira de adaptar-se ao meio e crescia de forma harmoniosa. Mata fechada, chuva fina, vegetação fascinante! Fechar os olhos e manter a mente bem aberta ali nos possibilitaria fazer parte daquele emaranhado de vida, e nós, apenas uma pequena parte daquele todo, como minusculas formiguinhas caminhando naquela imensidão verde! Como era bom respirar esta vida toda!




A chuva trazia uma refrescancia boa, mas dificultava um pouco o caminhar, e com o passar do tempo deixava tudo um pouco melancólico... Bem que aquelas gotas insistentes podiam dar uma paradinha! Sentia-me cansada!

Caminhávamos eu, Guma e Sting em silêncio, cada um dentro de seu próprio universo, seu mundo particular.



Algum tempo depois chegamos à Gruta Toca da Onça, local usado com frequência como acampamento para quem chega tarde àquele ponto e percebe não ter tempo suficiente para chegar em Ponta Negra com o dia ainda claro. A gruta, formada por grandes rochas, tem espaço suficiente para abrigar algumas barracas, e certamente serviu de refúgio no passado, por antigos habitantes do local e continua servindo ainda hoje.

Paramos alguns minutos para descansar da subida que castigava, nos abrigar um pouco daquela chuva insistente, mas ainda tínhamos muito chão pela frente, então, bora caminhar!




Continuamos a subida, depois da subida veio mais um pouco de subida e depois de subir mais um pouco começou a descida, e que descida! Muito ingrime, com muita raiz e barro! Parecia tão interminável quanto àquela subida anterior. A chuva fina ainda caia e decidimos acelerar o passo! Descíamos bem rápido e sem parar... Fiquei imaginando a dificuldade das pessoas que fazem o caminho ao contrario e precisam subir aquela ladeira.

No final começamos a margear um rio, o caminho foi se alargando e avistamos a primeira casa! Um pouco mais adiante um morador local estava arrumando um cano que servia de captação de água. Paramos para um papinho rápido e ele nos contou que a chuva do dia anterior tinha causado muito estrago. Ele tentava arrumar a parte que lhe cabia, mas a fúria da natureza tinha sido cruel!

Aos poucos casas de Pau a Pique foram surgindo, muito verde pintado com o colorido das flores e das casas! Desta vez foi Guma que ficou encantado e sua felicidade era aparente... Gosto de ver ele assim!



Outas casas foram surgindo, desta vez de alvenaria e muito bonitas!





Atravessamos uma ponte e logo chegávamos à praia.





Como presente pelo grande esforço da caminhada a chuva parou, o sol aparecia tímido aquecendo a areia e nosso coração, um barco na praia trazia peixe fresquinho, as ondas quebravam forte no mar! No canto esquerdo da praia uma bica de água fresca convidava para uma ducha e claro que Guma tinha que aproveitar!




Tiramos as botas e meias, os pés enrugados devido ao tempo que permaneceram molhados puderam finalmente respirar, estendemos algumas roupas molhadas em uma pedra a fim de aproveitar o Sol para secar.

Famintos e cansados subimos as escadas do restaurante que ficava bem pertinho da bica. Sting e Guma pediram um PF de peixe, e eu, me achando digna da refeição dos Deuses, paguei muito mais caro por um prato com lula recheada de queijo, azeitona e camarão! Foi uma explosão de sabores, simplesmente fantástico... e para brindar aquele trecho cansativo bebemos uma Stella trincando! Mais um brinde à vida, à natureza, à aventura e principalmente à amizade fortalecida!





Depois de um bom descanso fomos em direção ao camping que fica perto do início da trilha que leva à Praia do Sono. Ainda tínhamos algumas duvidas se deveríamos pernoitar ali ou seguir adiante.

A chuva voltava a dar o ar da graça, começando a cair fina. Paramos no camping, conversamos um pouco com D. Branca (a dona do local) e neste meio tempo a chuva apertou muito!

Nos sentamos por ali e decidimos que se a chuva diminuísse seguiríamos rumo ao Sono, caso contrario dormeriamos ali mesmo!

O filho de D. Branca chegou e juntou - se a nos para uma prosa. Ficamos falando sobre a vida local e sobre a crise de água que São Paulo enfrenta. O caiçara, com ar de espanto soltou: " Vocês pagam água em São Paulo, né?" Achei o questionamento engraçado, e como deve ser bom poder viver com aquilo que a natureza disponibiliza!



Tempos depois a chuva diminuiu, e mesmo sendo tarde, por volta das 17hrs, resolvemos seguir, colocar o pé na estrada... ou melhor, na trilha!

Passaríamos pelas praias desertas de Antiguinhos e Antigos antes de chegar ao Sono. Mas este trecho conto no próximo post!

Acompanhe!




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