quarta-feira, 25 de março de 2015

Muxia - O ultimo adeus

Muitas vezes o fim de um Caminho é o começo de outro... Podemos até voltar para o mesmo lugar, mas nós já não seremos mais os mesmos!




A saudade de casa estava cada vez mais forte! Ainda me restava um dia na Espanha, então resolvi visitar Muxia. Heiko foi comigo, ele também tinha mais um dia antes de regressar para Alemanha.

Pegamos o ônibus cedo, seriam poucos quilômetros, mas depois de quase um mês sem nenhum meio de transporte confesso que odiei a viagem no ônibus, fiquei com enjôo e me senti muito mal (deveria ter ido a pé).




Muxia é uma vila de pescadores muito simpática! No dia 13 de novembro de 2002 ocorreu ali um grande desastre ambiental! O Petroleiro Grego Prestige derramou nas águas galegas aproximadamente 77 mil toneladas de óleo, afetando 700 praias e matando mais de 200 mil aves! Milhares de pessoas ajudaram na recuperação, mas os efeitos deste grande desastre ecológico ainda afetam o litoral.


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Óleo em Muxia

Em Muxia está muito presente a cultura Celta e segundo me informou o hospitaleiro do albergue, concentram-se ali pontos de energia, onde eram feitos rituais pagãos!


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Ponto de energia Celta

Em cima das pedras, de frente para o mar, está a obra “A Ferida” que demorou 6 meses para ficar pronta e o resultado é um grande monólito de mais de 11 metros de altura, dividido em duas partes, e simboliza a ruptura, o impacto que representou o Prestige para a costa galega.
Através da fenda pode-se ver o mar e a obra é observada também ao longe pelos barcos que se aproximam da terra, e para que seus tripulantes não esqueçam o impacto da maré negra e a enorme solidariedade em que se empenharam tantos voluntários!


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Depois fui conhecer a “Igreja da Virxe de Pedra”, cuja lenda merece um post a parte.






Fiquei emocionada com aquela paisagem e sentada em uma pedra fiquei a conversar com Heiko sobre o Caminho. Segundo ele, depois de cruzar os Pirineus e chegar ao albergue de Roncesvalles, estava cansado, sem conforto algum, água fria no banheiro, pessoas mais velhas… Ele sentou-se fora do albergue e ao observar tudo a sua volta perguntou a si o que estava fazendo naquele local e agora, olhando o mar, o infinito, e depois de tudo que vivenciara no Caminho, sabia exatamente o que estava fazendo ali! Mais uma vez as lágrimas ultrapassaram os limites do corpo e meu coração foi tomado de alegria. Heiko sorriu e disse: “dizem que no Caminho todos choram… eu pouco chorei”, então eu pedi para que não se preocupasse, pois eu tinha lágrimas para muita gente!


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O Sol mergulhara no oceano e a luz do Farol começou a piscar! Essa luz serve para sinalizar os barcos a noite ou em dias de mal tempo, orientando o rumo que devem seguir! Assim é o Caminho de Santiago para os peregrinos, uma LUZ que indica qual direção devemos seguir!

Heiko me deu seu colar dizendo que havia ganhado de seus amigos e que tinha certeza que um dia eu iria devolver! Não sei se nos veremos novamente! Foi um grande amigo e estará guardado em meu coração!

Era hora de partir! Voltar! Trilhar outros Caminhos, mas certamente um pedacinho da minha alma ficará nas trilhas da Espanha… Sei que voltarei, não sei como nem quando… Mas voltarei!


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E assim espero, todos os dias até que este momento chegue!

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